sábado, 20 de agosto de 2011

As Horas Que Não Passam



Por que são destas horas que não passam
Aqueles pensamentos mais nostálgicos
E outros sentimentos mais que trágicos
Que a mente e o coração vão e caçam?

Por que é neste tempo tão perdido
Que súbíto o passado se levanta
E tenaz ludibria quem se encanta
Sussurrando imagens ao ouvido?

- Não sei... mas ao seduzir quem lh'atende
De tão suave sua lábia é mansa
Que nem sequer propõe o que pretende.

E quando menos se espera, a criança
Que p'lo nome de Saudade atende,
Nos convida para mais uma dança.


20/08/11

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Balada dos Esclarecimentos



Moro no Brasil, aqui é o paraíso:
Bandidos e ladrões não levam prejuízos!
O cristo vos espera de braços abertos,
Mas só abraça os corruptos e os espertos!
Aqui o crime não prospera nem compensa,
A não ser que se molhe a mão da imprensa!
- O povo aguarda pelos que já falharam...
-Pois é... não contaram? Os bárbaros ganharam!!!

Honestos combatem crimes organizados:
Ironia é ficarem sem aliados!
A justiça age com rigor, desenfreada:
Juíza que condena é logo baleada!
Governo pio, justo, oferece proteção:
Ela pediu. Escreveu. Disseram-lhe: - Não!
- E o povo 'inda aguarda os que já falharam...
- Pois é... não contaram? Os bárbaros ganharam!!!

O país se renova ano após ano
Varrendo a corrupção para baixo do pano!
A pátria é mais, muito mais, que mãe gentil:
Gerou mais partidos que os putos que a pariu!
Cada sigla promete ajudar o povo:
Sempre furtando-o... sempre de um jeito novo!
- E o povo 'inda aguarda os que já falharam?
- Pois é... não contaram? Os bárbaros ganharam!!!

Moro no Brasil, aqui tudo é normal,
Mas politico honesto é falha moral!
- Mas e o povo? Não foram eles quem votaram?
- Pois é... não contaram? Os bárbaros ganharam!!!


19/08/11


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Shot Sueco



"(...)
Que, quando é alto e régio o pensamento,
súbita a frase o busca,
e o 'scravo ritmo o serve."
Ricardo Reis

o teu silêncio
preenche o meu vazio.
a tua falta
me inunda de saudade.
meu coração já não cabe mais no peito,
quando me lembro que agora já é tarde.

todas as horas
p'ra mim são nulas.
todos os dias
p'ra mim são vagos.
as minhas lágrimas escorrem pelo rosto,
quando me lembro que agora já é tarde.

aquelas fotos
o tempo apagou.
nossos lugares
já não existem mais.
a solidão me abraça entre as pessoas,
quando me lembro que agora já é tarde.

ainda sim
existe a esperança,
aquela luz
que dizem não apagar,
pois outro dia me peguei sorrindo
só de pensar que tu podes me escutar.


05/08/11

Balada das Divergências Sociais



Das peças de teatro à TV
O conteúdo some e ninguém vê!
Da carroça ao carro ao avião:
Modos modernos de poluição!
Bandidos, traficantes e milícias
Estão mais armados que a polícia!
O povo tem aquilo que merece:
Cedo ou tarde a ordem padece!

A criança que hoje pede esmola
Amanhã estará cheirando cola!
Jogadores de futebol iletrados
Ganham mais do que médicos formados!
O diploma é a melhor vantagem,
Pois evita a pena e a carceragem!
O povo tem aquilo que merece:
Cedo ou tarde a ordem padece!

No congresso os pilares são de aço,
Tem picadeiro e muitos palhaços!
O sindicato berra, não se omite:
Mafiosos taxando o holerite!
A igreja é o lar da família
Ou seria altar da pedofilia?
O povo tem aquilo que merece:
Cedo ou tarde a ordem padece!

Nós elegemos nosso mensageiro:
Cremos no Jeitinho Brasileiro!
O povo tem aquilo que merece:
Cedo ou tarde a ordem padece!


05/08/11

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Liberdade
(versão atualizada)

"Ai que prazer
não cumprir um dever.
(...)"
Fernando Pessoa

Quando me canso de ler
Outro jeito a me entreter
Busco, sem ter peso algum:
Esqueço-me de Ezra Pound
Se na TV passar Bond,
Mcgyver ou qualquer um!

Para que reler Pessoa,
Quando eu estiver à toa,
Se dentre um ou outro frame
A tarde ficar parada
E puder ser agitada
Se jogar um video-game?

Que nos importa a miséria
Ou, sim,  se a crise for séria
Se, pois, antes do arrebol
Daquele dia bonito,
Todo o mundo para atonito
Diante do futebol?

Vive-se assim, tão feliz
Quem cuida do seu nariz!
Pois triste foi o Jesus
Que consta que não brincou,
Nem a todos agradou
E ainda morreu na cruz!


04/08/2011

Além mar, do outro lado do Atlântico...


Além mar, do outro lado do Atlântico,
Irrompe-se, hoje, nú de seus cânticos,
Onde outrora fora construída
A base de vasta sabedoria,
Um povo cego, como possuído,
Guiado por feroz selvageria.

Às ruas levam vozes e cartazes,
Pedras nos bolsos, intensões vorazes.
Divididos, batalham por seus egos,
Sem verem que suas razões se perderam.
Ó mundo insano, até os gregos,
À vil ignorância se renderam!



04/08/2011