segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Abstrações



quando os meus olhos
perdem-se nos seus              é como se os meus
contemplassem um lago

e vissem
o mistério profundo
sobre a superfície tranqüila;
e ouvissem
 um sussurro difuso
chamando-me pelo nome;
e sentissem
 inevitável vontade
de adentrar e nadar...

então paro, penso e percebo
que eu não sei nadar
e contemplo-os

e perco-me
novamente
e novamente
e novamente...
de novo!



23/09/2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Necessidade De Extravasar!

Eu, não aceito a poesia atual.

Poesia é uma forma de expressão que a modernidade mata a cada dia; uma forma linda e admirável, no entanto enferma, que após a semana de 22 e todos os avanços tecnológicos tiveram como iniciativa sua morte decretada a sine die e eminente.

O verso com sentido único, sua sequência inevitável, sua métrica dedicada e impecável, como os parnasianos a tentaram resgatar... tudo isso posto, foi ao fim inevitavelmente e adiante, perante as tecnologias e não têm sobrevivido. E não vão!

Logo , assim será a literatura em si, seus livros e seus ídolos.

A necessidade humana de absorver as coisas mais rápidas, se possível sempre mastigadas; a necessidade de urgência do tempo, do nosso tempo, a tv, o game, as baladas, tudo isso somado, mataram o prazer pela leitura de algo mais elaborado e cifrado.

Escrever como antigamente se tornou obsoleto, estudar os antigos: massada.

A música atual, filha ilegitima da poesia de antigamente, rima morro com cachorro e sem pedir socorro chega até onde pretende apenas pelo fato de ser o que se é.

Sinceramente, sou absolutamente contra os modernos que entraram na casa da poesia e fizeram a bagunça que hoje vemos:

Vou até sua casa.
Mudo as regras que você acha conveniente.
E imponho como fato a necessidade de absorção das coisas pelo fato de não termos mais tempo para outras coisas que necessitam de maiores atenção.
Mostro a você que tudo estava errado ou era antigo e obsoleto e você pela pressa crê!

Eu sou contra. Definitivamente contra.

Acredito que como a história nos mostra, sempre iremos rebuscar no passado o que perdemos; e daí em diante um novo rumo será seguido e tomado para o concerto.

Se não for pedir demais olhemos o passado e vejamos os grandes. Os realmente grandes: Homero, Tovadores,  Dante, Shakespeare, Camões, Goethe e Pessoa...

Por mais que outros criassem, de uma forma ou de outra eles os copiaram, embora quisessem ser diferentes deles.
O tratado de versificação de Olavo Bilac, ainda que único, apresenta falhas, e eu gosto dele! Realmente gosto dele, mas apresenta falhas.

Todo vate tende a querer ser diferente ou superior a geração anterior. Ser  diferente não é querer ser demais, mas digo diferente como inovador.

Mostre-me, simplesmente algum dentre estes que citei, e não o conseguirão. Mostre-me um poeta, vate, bardo, etc... diferente destes e te mostrarei um novo caminho.

Infelizmente os modernos não fizeram, não fazem e não farão nada que os coloque no Paternon.

Nenhuma mudança significativa foi feita desde Pessoa.

Fato.


Os atuais são e serão todos crianças brincando com o conjunto de quìmica que ganharam dos pais, mas nunca serão quimicos de verdade.


Eu não gosto dos modernos!

Digo isso às 16:39 do dia 21/09/2011... que fique para a posteridade!"

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cantiga à Moda Antiga


À Daniela Versieux

I


A poesia não destingue:
Dá-se bem com qualquer tema,
Seja ele coisa simples,
Seja ele um dilema.

Pode ser sobre o amor,
Viagens ou natureza,
Sobre a ira ou inveja,
Até sobre a beleza.

O tema é o caminho
Escolhido a trilhar.
Saber por onde se vai
Ajuda a começar.


II


O molde é um forma
De estruturar a estética.
Definindo-se em um corpo
Onde vai sua poética!

Há quadras e redondilhas,
Odes, trovas e haikais,
Poesias, poemas, baladas,
Sonetos e outros mais.

Escolha o que lhe agrada
E entenda como é feito,
Pois quem escreve poesias
As escreve com efeito!


III


Se esta arte tiver uma alma,
Nas palavras ela mora.
Escolha-as com cuidado,
 Muita calma e sem demora.

As palavras são curingas,
Lembra bem um carteado:
Dependendo da junção
Mudam de significado!

Quando assim se comportam
De metáforas as chamamos:
Palavras criam imagens
Ou mesmo os sons que cantamos.


IV


Quem sustenta a armação
É conhecido por verso,
Assim é a gravidade
Sustentando o universo.

A cria pode ser livre
Ou mesmo metrificada.
Quem escolhe é você
Durante a empreitada.

Pode ter a extensão
Que você determinar.
Seja sábio ao quebrá-lo
E prudente ao parar!


V


Outrora como irmãs,
Hoje andam separadas?
Cadência e poesia
Já andaram de mãos dadas:

Palavras perfeitas pulam
Às mãos macias do autor
Como cristal colorido
Reflete seu resplendor.

Muitos recursos dão ritmos.
Outros... não. São bem mais fortes:
São as pausas do versado.
Experimente esses cortes.


VI


Há rimas pobres e ricas,
Com palavras cruzadas,
Masculinas ou inversas,
Toantes ou coroadas...

A rima impõe um ritmo
Além do já existente.
Palavra imagem som:
Efeito polivalente!

Há quem rime no final
O que é o mais comum.
Mas O Corvo do Edgar
Não é para qualquer um!


VII


Tudo isso que foi posto
Na verdade não é nada:
Há muito mais a ser visto
Sobre esta arte mui versada.

O básico já foi dito,
Até exemplificado!
Cabe agora ao leitor
Buscar o significado.

Mas de nada adianta
O esforço desmedido.
Se o leitor ao ler não busca
Pelo prazer escondido.


VIII

Diz o célebre ditado:
O aluno quando pronto,
Esteja onde estiver,
Vai o mestre ao seu encontro.


Eu 'inda espero o meu
E ele pode demorar...
Enquanto ele não vem
Aproveito p'ra treinar!

Ao unir os elementos
Encerro esta canção.
O todo se fez presente
Em cada composição!



20/09/2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Teatro do Impossível

I
  
Há um lugar onde as trevas são densas 
E as luzes da razão sequer refletem. 
Um lugar onde imagens intensas 
Fazem o que querem, não se submetem! 
Se alguém as dirige enquanto atuam 
Controle algum sobre elas ele tem. 
Cantam, dançam, interagem, flutuam... 
Desconhecem regras: nada as detem! 
Tais criaturas das sombras emergem 
E num palco fazem suas ousadias. 
Usam máscaras, roupas, camuflagens: 
Imitam pessoas do dia a dia! 
II 
Por enigmas destilam suas mensagens. 
Por seus atos confundem quem assiste. 
Mas o mais estranho nessas imagens 
É que se elas chamam ninguém resiste! 
O espectador nunca é passível 
E a sensação é fuga do real, 
Pois neste teatro do impossível 
Alguns sente-se bem, já outros... mal! 
Quando termina a apresentação 
E as luzes suavemente clareiam, 
As imagens como nevoas se vão 
Deixando sensações que nos permeiam... 
III 
Do que à noite nos acometem 
Passamos o dia tentando lembrar. 
Se as personagens a algo nos remetem 
Logo procuramos justificar: 
Uns vêem presságios, outros mensagens, 
Alguns sempre buscam algo mais... 
Mas a ciência diz que essas viagens 
São meras tempestades cerebrais! 
Não importa como se classifique, 
Pois o homem sempre vai se debruçar 
E contemplar o que o identifique 
Diante do mistério de sonhar.

14/09/2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Tempo Que Passa Limpa e Apaga...



O tempo que passa limpa e apaga!
Assim crê, quem sofre desta vil chaga,
Ao crer que o coração é o órgão que ama.

Mas não é nele que arde esta chama:
Este músculo que bate no peito
É incapaz de gerar o efeito

Da química que a mente produz.
Pobre homem que assim se induz!
O coração é escravo da mente...

Assim o sabe aquele que sente!


06/09/2011

As Lembranças Que Surgem São, à Mente...



As lembranças que surgem são, à mente,
Doses sutis de um veneno potente...
Destroços de uma época 'squecida.

Em seus corpos etéreos, imbuídas
Estão, fórmulas, possibilidades,
- Várias versões da realidade -,

Que deixaram de ser, pois não seriam;
Que nunca jamais uma luz veriam,
Pois assim é que deveriam ser...

Sentir o que não foi, não é viver.


06/09/2011 

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O Dia de Elisa
incompleto...

é um dueto...
deve ser lido ou cantado por duas pessoas de sexos opostos:

Ela:
As vezes eu penso que não
deveria entre nós ter sido
Como coisas que não ocorrerão,
Se nunca nos tivessemos vistos!

Homem:
Sua beleza insustentável;
Seu carisma atraente;
Seu sorriso indelével;
Seu jeito carente....

Me conquistaram
Tiraram-me do chão!
Agora pergunto-me:
Onde é que estão?

Ela:
Seu jeito selvagem;
A sua ironia
Marcam-me no peito
Trazem-me euforia...

Suas mão atraentes
Guiam-me ao chão!
Tateam-me o corpo
Que é pura ilusão

Juntos:
As vezes eu penso que não
deveria entre nós ter sido
Como coisas que não ocorrerão
Se nunca nos tivessemos vistos

Ele:
A sua pela suada,
Seus cabelos revoltos...
Seu corpo marcado
Abraçam-me ao chão!

Um beijo inequivoco,
Um suspiro no ar,
Faz-me querer,
Faz-me pensar...

Juntos:
As vezes eu penso que não
deveria entre nós ter sido
Como coisas que não ocorrerão
Se nunca nos tivessemos vistos