I
Há um lugar onde as trevas são densas
E as luzes da razão sequer refletem.
Um lugar onde imagens intensas
Fazem o que querem, não se submetem!
Se alguém as dirige enquanto atuam
Controle algum sobre elas ele tem.
Cantam, dançam, interagem, flutuam...
Desconhecem regras: nada as detem!
Tais criaturas das sombras emergem
E num palco fazem suas ousadias.
Usam máscaras, roupas, camuflagens:
Imitam pessoas do dia a dia!
II
Por enigmas destilam suas mensagens.
Por seus atos confundem quem assiste.
Mas o mais estranho nessas imagens
É que se elas chamam ninguém resiste!
O espectador nunca é passível
E a sensação é fuga do real,
Pois neste teatro do impossível
Alguns sente-se bem, já outros... mal!
Quando termina a apresentação
E as luzes suavemente clareiam,
As imagens como nevoas se vão
Deixando sensações que nos permeiam...
III
Do que à noite nos acometem
Passamos o dia tentando lembrar.
Se as personagens a algo nos remetem
Logo procuramos justificar:
Uns vêem presságios, outros mensagens,
Alguns sempre buscam algo mais...
Mas a ciência diz que essas viagens
São meras tempestades cerebrais!
Não importa como se classifique,
Pois o homem sempre vai se debruçar
E contemplar o que o identifique
Diante do mistério de sonhar.