terça-feira, 20 de março de 2012

Ela...



ela
voa
vara
corta

sibila
passa
e rasga
pelo ar
o vento

perdida
atravessa
anteparas
até encontrar
um alvo fulano
fatalmente fazendo
a última coisa na vida...

cada bala que se perde encontra!


verão 2011/12

domingo, 18 de março de 2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

Feliz Ano Novo!



Nuvens de chumbo cobriram o azul do céu.
Era uma tarde em Janeiro, como qualquer outra.

Estrias prateadas romperam fissuras pelas paredes do firmamento.
O ar explodiu como fosse a queda de um anjo...
(Um homem fez o sinal da cruz e beijou as pontas dos dedos...)

Poderosas gotas, grossas e densas, lançaram-se ao solo feito bombas.
Chocaram-se violentamente contra tudo e todos...
(Do outro lado da rua uma mulher de setenta
Correu como uma moça de vinte
Caindo como uma criança: de quatro.)

Bocas de lobos já não engoliam: regurgitavam.
Pequenas corredeiras formavam-se entre ruas e calçadas.
Nasceram filhotes de rios intransponíveis.

O vento gingou, fintou e mudou a direção da chuva.
Os protegidos foram pegos desprevenidos.
Árvores curvaram-se em reverência à passagem do Titã
E, em algum lugar, desesperadas telhas fugiram dos telhados.

O ritmo da vida diminuiu até parar.
E... algumas parariam mesmo naquele dia.

Os urubus da nova era noticiariam, mais tarde, a Loteria da Vida:
O prêmio acumulara novamente:
Só houve perdedores.

verão 2011/2012

quarta-feira, 14 de março de 2012