Escrever é uma doença que se cura com o ato!
Espero que gostem de algo em particular, e se gostarem, mesmo que não comentem, "clique em cima do título" para que fique registrado.
Mas se você gostar, conte-me!
Writing is a disease and the act itself is the cure!
I hope you enjoy something in particular, and if they like, even without comment, "click on the title" for the record.
But, if you like what I write, tell me!
eder de sousa boaventura
terça-feira, 19 de junho de 2012
Alquimistas Modernos
É pó, é pedra, é a droga ferina
É um resto de crak na mão da menina
É a chama do bic, é o trago, a fumaça
É a mente, é a morte, é o vício, a trapaça
É o fumo na seda, é a poeira profana
Bagulho, bagaça, é a Maria Joana
É a carreira em pó, caminho da cana
É o ministério da morte, é o engana ou esgana
É a vida vazando, é o fim da bagana
É a fibra, é o afã, vontade banana
É a rua roendo, é a face tirana
Dos filhos das drogas, é o céu a cabana
É o pé, sem o solo, é a vida mundana
Caminho sem rumo, doideira insana
É uma queda do abismo, é um voo fatal
É um salto, é um pulo, é um baque mortal
É o fundo do foço, é a droga ferina
No rosto deposto, resto de menina
É um se estrepa, num prego, por uma ponta no ponto
É um trago tragado, é a conta, é "deiz conto"
É um troco, é uma esmola, é a moeda brilhando
É o relógio tomado, é o Zé esperando
É a bolsa, é o anel, é a corrente roubada
É a alquimia inversa, é a pedra virada
É o desafeto da casa, é o corpo na pira
É o corre, é o pega, é "os tira", é "os tira"
É um laço, é uma forca, é uma prece, é vã
É a vida perdida, a heroína é vilã
São os filhos das drogas abrindo o portão
É a promessa de medo no meu coração
É quem cobra o pó, se é João ou José
Traficante é inimigo, é um tiro no pé
São os filhos das drogas abrindo o portão
É a promessa de medo no teu coração
É pó, é pedra, é a droga ferina
É um resto de crak na mão da menina
É um laço, é uma forca, é uma prece, é vã
É um são Paulo doente no divã
São os filhos das drogas abrindo o portão
É a promessa de medo no meu coração
Pé, pedra, droga, ferina
Resto, crack, mão, menina
Chama, bic, trago, fumaça, mente, morte, vício, trapaça
São os filhos das drogas abrindo o portão
É a promessa de medo no teu coração
19/06/2012
sexta-feira, 8 de junho de 2012
A Balada da Balada Abalada
Devora-me um pavor medonho
Se sinto amores reais:
Sentir, por si só, é enfadonho
Estranho e um tanto mordaz!
Dói-me amar assim, por demais,
Um objeto de distração
Que me faz desejar, tenaz,
Calar a voz do coração.
Não mais ao amor me disponho
E suas promessas carnais:
O desejo é o que suponho
E não o ter, o que me apraz.
Cansa-me suspirar os ais
Que me esfacelam a emoção;
Devo, para encontrar paz,
Calar a voz do coração.
Amo, hoje, em pensamento ou sonho,
Para além disto nada mais...
E este amor, que à mente proponho,
É o que me basta e satisfaz.
Supor amores ideais,
Forjá-los, pois, pela razão
Não me fazem querer, voraz,
Calar a voz do coração.
Crer em mim? Não posso jamais,
Mas convém crer na ilusão
De que a mente possa, eficaz,
Calar a voz do coração.
08/06/2012
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Balada do Adágio Alegre
Se o dinheiro não vai às compras
Aluga ou ordena buscar,
Seja de Falópio as trompas
Ou à velhice retardar!
Dizem: "Não traz felicidade!"
Mas até ela pode levar.
Não importa a dificuldade:
Tarda, mas não falha chegar!
Que alegria não traz o pão
A quem nem o pode comprar?
Duas passagens de avião
Para uma vontade matar?
Para que ter na mão uma ave,
Se não há gaiola a botar?
Para o dinheiro nada é grave:
Tarda, mas não falha chegar!
Se atrai para si o impossível
Que dirá o que pode mudar:
O carater mais inflexível
Possui forças para dobrar.
Faz, do maltrapilho sem teto,
Bem quisto, vestido, com lar;
Faz do imperfeito mais completo...
Tarda, mas no falha chegar!
É a chave do mundo moderno:
Qualquer tranca vai aceitar!
- Se aceita no céu ou inferno?
Tarda, mas não falha chegar!
06/06/2012
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Campanha do Agasalho
ou
A Roupa Invisível do Rei
ou
A Roupa Invisível do Rei
Palavras são roupas.
Veste-as, o pensamento,
Quando sai de casa.
E há tantas roupas
Espalhadas pelo mundo
Que chega a ser estranho
Haver cada vez mais;
E cada vez menos haver
Gente bem vestida!
De que adianta
Vestir-se por fora
E permanecer nú
E com frio
E sozinho
E esquecido
Por dentro?
Cedo ou tarde
Todas as palavras
Saem de casa
E ganham as ruas...
E todos saberão onde moramos
E todos ouvirão como nos vestimos!
01/06/2012
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