quinta-feira, 2 de abril de 2015

Semper Fidelis

Abril,
Abril...

Abre-se em mim,
Como um rasgo no peito:
Mãos, senhoras de garras,
Que me fincam as unhas à carne,
Que me abrem o peito,
Irrompem-me os ossos,
Estraçalham-me a carne,
Vasculham-me o interior
E não encontram-me em meu coração...

Abril,
Abril...

Abre-se em mim
Todas as coisas que se fecharam ao mundo:
Tanto de tudo de tantos e de todos...

E solto-me: de todos os laços e prendas
De amarras e amarantos;
De coisas e suas coisificações...
E encontro-me nu
Onde a noite se cala,
Onde o breu é mais breu
E sua negação é a afirmação de si próprio.

Abril,
Abril...

Dos sonhos que não me lembro,
Pesadelos que me recordo;

Do meu amor mais puro,
Que se enterra na morte;

Do meu sofrimento e dor,
Que se vive no renascimento;

Da mais pura verdade
Que começas na mentira;

Abril...
Abril.

Eder De Sousa Boaventura​


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