sábado, 29 de outubro de 2011

Sinos da Sé



Já nem chegavam às cinco horas e, mansamente, no Centro, começava a escurecer. Nuvens densas formavam-se e agrupavam-se atemorizando os transeuntes, os vendedores ambulantes e os trabalhadores que das janelas dos prédios comerciais, das portas das lojas, sob as tendas das barraquinhas, deixavam seus olhos perderem-se ora para o céu, com um olhar desanimado e melancólico a perceber a camada turva que se formava e avançava rumo ao poente sobrepondo-se aos vestígios do crepúsculos , que estava para se formar, manchando de negro o violeta que ficaria cingido sobre o horizonte; ora para seus relógios com um olhar piedoso e angustiado que via o ponteiro mais fino passar, lento, traço a traço, compondo um compasso, sem o menor indício de pressa.


Para uns as horas pareciam demorar ainda mais que o normal. Porém uma percepção era comum a todos: quando desse a hora de ir embora, fosse lá quando fosse, e todos tentassem ir para suas respectivas casas ou outros lugares quaisquer, o trânsito tornaria-se caótico; barulho das buzinas, infernais; a lerdeza dos automóveis, entediante; a Hora do Brasil, não menos; o corpo imóvel nos carros ou nos ônibus hiper lotados, castigante; a poluição de fim de tarde se mesclando às nuvens densas, tornando-as acinzentadas, ameaçadoras, medonhas... Vingativas.


E desceu violentamente aquela bronca de chuva. Desde a região central até os Jardins, as gotas grossas se atiravam furiosas ao solo, sobre os prédios, sobre as pessoas, sem distinção alguma de credo, cor, raça , sexo ou classe social, como se a natureza desse o aviso de que a desgraça é para todos. Nervosas as nuvens passaram a cuspir pequenas pedrinhas de gelo. Alguns galhos de árvores curvavam-se em reverência às rajadas de ventos que passavam velozes, vorazes e fugazes.


Uma senhora sob a proteção das telhas de zinco de um posto de gasolina nos Jardins, fechou os botões do seu agasalho de lã rosa claro. Seus movimentos não mostravam hesitação alguma: mesmo tendo à mão um grande guarda-chuva de cores berrantes que indiscretamente provocava os risinhos de outras pessoas que se protegiam sob o mesmo abrigo, aquela senhora estava resoluta em não arredar o pé dali enquanto a situação não amenizasse. Grande parte desta força de vontade era motivada pelo medo, o qual a impedia de se arriscar. E se o vento levasse seu guarda-chuva, o que seria de seus trajes? Este pensamento, com pequenas variações pessoais, estava presente em todos... Ninguém ousaria. Nem os carros ousavam: todos parados nas avenidas e ruas da região.


Por um momento um clarão iluminou e cortou o céu. Uns taparam os ouvidos, outros que não o viram continuaram a conversar normalmente. Houve um brado vindo do céu que abafou todos os sons, inclusive os gritos dos assustados. A chuva continuou forte, mas não mais caiam granizos.

Ricardo olhou para cima e em seguida , olhando para Donato, que estava ao seu lado, disse:


- Va'mbora!


E os dois que também estavam sob a proteção do posto, pisando nas poças d'água que os cercavam saíram correndo rumo ao Centro. Sem que houvesse intensão, Donato sujara a saia da senhora do agasalho de lã rosa claro e algumas barras de calças das pessoas que estavam rente a ela. A mulher de imediato os xingou e os outros, que nem perceberam que foram sujados, logo prestaram atenção à ira da senhora que, em meio aos primeiros palavrões e imprecações, sem notar deixou que a saliva que havia em sua boca formasse uma pequena pasta branca como que fosse um restinho de creme dental. Ricardo parou de correr, voltou-se e foi tomar as dores do amigo.


- 'Xa p'ra lá! - disse Donato.


- Eu só vô lá p'ra pedi descupa p'a ela...



Aproximou-se da mulher, mas não muito, pois poderia levar uma pancada do grande guarda-chuva que ela empunhava em uma da mãos. Ricardo olhou para a saia e comprovou que realmente estava encharcada. Quis rir, mas não o fez. Olhou-a nos olhos e viu o ódio que deles transbordavam. Notou também a espuma branca no canto da boca. Procurou uma brecha para se desculpar, mas a mulher falava muito e ininterruptamente.

Ela apontava para Donato, depois para a poça, a seguir para o vestido e tornava a apontar para Donato novamente que nem ousava a se aproximar da situação. Para Donato, que estava longe o suficiente a ponto de não se comprometer, compreender uma única palavra que a velha dizia era impossível, bastava apenas o fato dela apontar para ele e balançar aquele imenso estorvo de cores berrantes.


- Calma dona... Descupa a gente - disse Ricardo olhando para o chão, segurando o riso.


- Tá! Mas da próxima vez, você e seu amigo marginal olhem onde pisam.


Ricardo se virou para ir embora. Olhou para a poça adiante que, de uma forma distorcida pelas gotas que caiam, refletia um pedaço do céu e dos prédio e das nuvens que pouco a pouco clareavam.


- É dona... eu vô olhá, tá!!


No mesmo momento em que ela assentiu ele pulou para a poça tão majestosamente que todos, até a velha resmungona, o acompanharam com os olhos incrédulos subir e, com as expressões boquiabertas descer sobre a poça. Foi água lançando-se para todas as direções e tudo quanto é lugar, principalmente no objetivo almejado.


Ela gritou ao ser atingida. Xingou a mãe, que ele nunca conhecera, e, por isso, naquele momento, ele não se importou. Saiu em disparada, rindo, para junto de Donato, que ria com gosto; e num ritmo seguro e tranqüilo, partilhando a mesma alegria e cumplicidade, foram para casa: as calçadas das ruas próximas à Praça da Sé.


A noite, antecipada pela tempestade, agora já se impunha do lado oposto ao poente e escurecia lentamente enquanto os dois subiam pela Nove de Julho, congestionada em ambos os sentidos. Conversavam sobre os trocados que conseguiram ganhar naquele bairro de granfinos. Ricardo arremedava os gestos da velha e contava tim-tim por tim-tim tudo que se passara e que Donato não pudera perceber porque estava longe.


À medida que a chuva se acalmava os carros começavam a se locomover pelas avenidas e ruas da cidade. Acalmava-se sem cerimônia, tanto que, quando os dois chegaram à Praça da Sé , já havia se tornado uma simples e débil garoa que caia reta numa noite fria que quase nem ventava.

Passando pela João Mendes os dois provocaram algumas prostitutas que se protegiam sob a cobertura dos pontos de taxi ou sobre os tetos das bancas de flores. Mesmo num tempo daqueles essas mensageiras do amor ainda tinham esperanças de que algum cliente as levasse dali e as guiassem para um hotel onde pudessem tomar um banho quente e com o corpo mais limpo e relaxado aproveitar para dar e receber intimidades...


A garoa persistiu até o último segundo do último dia de agosto e junto aos sinos, que ribombavam como trovões, anunciaram a chegada de setembro. Quem sabe se pelos sinos ou pelo súbito vento que surgiu não se sabe de onde, a garoa se inclinou suavemente.


Próximo à catedral, na Senador Feijó, um vento fortíssimo se arrastou pelo chão e conseguiu erguer alguns papeis que não estavam tão úmidos, a ponto de criar um pequeno redemoinho no ar junto com as poeiras e fuligens do dia.


E ao passar pelas arestas dos prédios o vento palrava como que estivessem por ali pessoas murmurando conspirações numa rua deserta. Não muito longe, no Patio do Colégio, abaixo de uma lona suja com furos de médios e pequenos portes e já surrada pelo tempo de uso e pelo mal zelo de quem a usava, Ricardo e Donato estavam sentados, preparando seus lanchinhos antes de irem dormir.


- Co'mé qui é?, isso aí sai hoje ô num sai!?


- Calma aí meu... essa droga di tampinha não qué saí de jeito nenhum!


- Purque c'ocê num dexa tudo pronto? pô!!


- P'ra num dá pala, ué!! Pensô se pegam isso aqui já pronto?? A gente dança!!


Donato tirou o maço de cigarro do bolso. Acendeu um. Tragou-o e trago após trago ia depositando as cinzas em um pedacinho de papel que estava no chão. Ricardo, que já havia retirado a tampa da caneta, tirou do seu bolso um toquinho de madeira, talhado por um canivete, e começou a montar o que parecia ser um cachimbo.


- Pronto!


A pedrinha já havia sido preparada antes. Estava escondida no maço de cigarros. Donato a tirou e a entregou a Ricardo; que a colocou dentro do cachimbo e nele pôs fogo. Tragou a fumaça que dele saiu. Segurou-a. Passou para Donato, que refez igualmente o passo a passo.


- Sabe, Donato, eu queria tê conhecido minha mãe... Mesmo que ela fosse uma dessas vagabundas aí da Jão Mendes... Mas eu queria ter conhecido ela...


Donato lhe passou o cachimbo. Havia apagado. Ricardo pôs outra pedrinha. desta vez maior, mais cinzas e acendeu-o. Deu um pequeno trago e o acendeu novamente, pois falhara na primeira tentativa. Tornou a passar para Donato.


- Aquela véia xingô ela! Si eu tivessi conhecido minha mãe, ah si eu tivesse di conhecido ela, voltava lá e infiava a mão na fuça dela! Mas com'é qui eu posso defendê alguém qui nem conheci!?


- É... - sussurou Donato ao lhe passar o cachimbo - parece difícil...

- Às veiz eu acho qui num era p'r'eu tê nascido.


Deu um trago mais consistente que os anteriors e segurou a fumaça o máximo que seu fôlego lhe permitiu fazer. Depois continuou:


- Ela nem deve tê me querido... deve de tê me abandonado aqui. Por que me feiz intão? P'ra sofrê??


- Num deve di tê sido isso, Ricardo... e... si ela morreu?


- Si ela morreu... - disse olhando fixamente para o cachimbo que Donato lhe entregava - si ela morreu...


O cachimbo havia miado novamente, como costumavam dizer. Ricardo chacoalhou o maço de cigarro sobre o papel que estava no chão. O resto do fumo que fica no maço caiu com mais duas pedrinhas do mesmo tamanho da última. Sem as por no cachimbo ele o acendeu novamente e passou para Donato, que já estava com a mente inebriada e o olhar meio que manso. Donato realizou toda a cerimônia e o devolveu para Ricardo, que, sem que Donato visse virou a mistura que estava no papel junto ao resto que estava no cachimbo. Reacendeu-o, dando grandes e seguidos puxões.


- Eu também nunca conheci a minha mãe, Ricardo...


- Hunrum... - murmurou Ricardo ao dar mais outro puxão no cachimbo.


- Si pensá bem, acho qui assim foi milhor assim. Não sei purquê, mas acho que foi sim... Ô meu!!Passa aí, pô!!


- Calma aí, ô! - disse Ricardo, com uma voz rouca e enferma - Eu tô pastando aqui purque isso num para de miá! Toma então, põe fogo aí!!


- Qué sabê? pode fumá!! já tô a pampa, mêmo!!


Ricardo então, sossegadamente, ficou fumando seu cachimbo enquanto Donato comentava sobre o que lhe ocorrera dias atrás, quando não estavam juntos e ele tentava roubar a bolsa de uma moça.


- ... aí eu 'tava correno; aí trombei c'um homem; caimô no chão; aí ele ficô me olhano. Tinha unz'óios escuro qui quase podia parecê preto, mas num era preto não, num era mêmo... ele tinha unz'óios que machucava só di olhá p'ra eles... Sei lá, parece doidêra, mas era assim mêmo!! Aí ele viu o pulíça vino atrás de mim, pensei qu'ia m'intregá. Só que num feiz isso não. Aí ele disse p'r'eu largá a bolsa e correr o mais rápidu qui pudia.


"Quando mi levantei o pulíça já 'tava perto. Ia mi agarrá... Nossa! ia mi agarra mêmo; aí o moço levantô e o pulíça trombô cum ele e os dois foi p'ro chão. Foi tudo qui vi, dispois sai correno qui nem loco, Ricardo!!


"Ele devi di tê entregui a bolsa p'ro puliça. Mas eu num fui muito longe não, queria agradecê o moço, intendi o qui ele feiz. Quando o vi, me perguntô s'eu já tinha almuçadu e me pagô o almoço; me disse, inquanto a gente comia, qui num era certo robá, mas qui na nossa situação num era certo di condecorá a gente.... Foi condecorá o condená qui ele falô??, tanto faiz. Aí ele começô um papo que já nem entendia mais: disse que sentia por mim, falô dos homis qui'stão no poder e que robam e ninguém faiz nad e mais um montede coisa.


"Disse que sabia qui aquela não seria a útima veiz, mas pediu p'ra nunca machucá ninguém. Sabe, Ricardo, aquele homi... Ricardo?


Donato virou-se para o lado e viu a cabeça do amigo pender sobre um dos ombros; poderia achar que estava dormindo se os olhos não estivessem estalados como se fitassem o além, denunciando um estado crítico.


Agarrou-o pela camisa. Sacudiu-o. Nada. Chamou-o. Nada. Não gritou para não alarmar outras pessoas que dormiam próximo ao cantinho deles. O coração de Donato disparou ao perceber que o último gesto do amigo ainda estava estampado à face: um sorriso cariado.







Inverno de 1996 - Primavera de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Amargas Impressões



Deus fez, por prazer ou descuido, o homem
E dotou-o de um senso incomum à guerra
E ele o usa e abusa e o esgota e fere a terra
E ele a invade e a conquista e grita: " - Tomem!"

Há nos homens coisas vis que os consomem
Como o ódio que das entranhas berra,
Como o impeto de negar quando se erra,
Cordeiro a esviscerar um lobisomem!

À cada prole legamos um trauma,
Inconsequente e sem reparação,
Que faz de nós Arautos da Extinção.

Porque nem toda paz ou sangue acalma
Quem já nasce doente ou ferido na alma
Propenso, desde o berço, à destruição.


23-26/10/2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dedicação a Jânio Marinho (ex Professor do Colégio Santa Cruz)

Saudoso seja o Professor Jânio Marinho!

Que seu rosto de Légolas, elfo do Senhor dos Anéis, seja lembrado por muitas geraçãos.

Que sua mania de dizer "Note bem!" com sotaque português seja lembrado por muitas gerações.

Que o respeito dos alunos do 1º,2º e 3º colegiais do Colégio Santa Cruz seja lembrado por muitas gerações.

Que seu amor incondicional à lingua portuguesa seja lembrado não só pelos seus alunos, mas por aqueles que não tiveram o prazer de assistir a qualquer aula sua.

Porque sentir não faz parte somente daquilo que se viveu; assim como Pessoa, que me foi ensinado por Jânio Marinho, sentir é possível, pela literatura, sem ter sentido coisa alguma:

 " Ainda que não se tenha razão."

Que seu respeito pelo próximo ao pedir para levantar a mão para falar seja levado aos lados mais longinquos e confins da humanidade onde o homem põe o racionalismo a frente de seus sentimentos e adversidades. E expõe a guerra como motivo de imposição. Ele dizia que onde não há poesia os homens fazem guerras...

A verdade é simples, vem de homens simples, porque a verdadeira inteligência tem por sinônimo a simplicidade!

Saúdo, este professor que tive, como único mestre, o único ser humano capaz de respeitar outro ainda que seus cérebros divirjam das idéias expostas.

Sim... Meu mestre, reverencio todos os seus ensinamentos, toda as suas exaltações.

Todas as suas lições.

Da métrica à liberdade!

Reverencio todas paixões em letras colocadas.

O amor que professores perdem, tu nunca perdeu e por isso foi punido.

Eu, amante das letras, órfão de mestre, neste dia, sinto tua falta como sentira de um pai que nunca tive.

Anseio que ainda existas e que catives outros, que coloques em suas mentes que versejar não é só escrever em versos; que há muito é por amor, talvez um pouco de alcool e loucura e muita, mas muita dedicação...

Que como Pessoa disse: é queimar a própria alma em favor da Pátria...

Queimo-a em nome desta paixão!

Saudoso Mestre...

Saudose Mestre...

Sinto Saudades!

Eterna Brincadeira




À Cairo Pereira


é brincando com palavras
que um velho grisalho,
prestes a morrer,
encontra um atalho
a voltar, e ser
aquele garoto
dos olhos castanhos,
cabelos marotos
e um olhar estranho,
ao brincar com as palavras.

e brincando com palavras
seu jeito tranqüilo
- eterno de ser -
torna tudo aquilo
um grande prazer
e nele seus sonhos
só ganham mais cores;
momentos medonhos:
menos dissabores,
ao brincar com as palavras.

e ao brincar com as palavras
altera-se o mundo:
heróis e princesas
ou dragões oriundos
de outras naturezas...
seres que não são
nem nunca seriam
vidas ganharão,
contos virariam,
ao brincar com as palavras.

e brincando com palavras
através da pena
torna-se possível
a idéia mais serena
ser a mais incrível...
e as mãos já não tremem,
e, quando com sorte,
as dores não gemem.
assim se adia a morte:
brincando com as palavras.


20/10/2011

Doces



amo carolina:
pequena, recheada
com doce de leite...
essa pequenina
em cada bocada
é puro deleite!

mas eu também gosto
de Elaines, Darlenes,
Veras, Gabrielas...
porque todas elas
têm seu próprio gosto
tão suave e perene!


20/10/2011

sábado, 15 de outubro de 2011

BLÁ




blá-blá-blá...
blá-blá-blá, blá,blá-blá,blá-blá-blá...
blá-blá-blá.blá-blá-blá....
bla... blá-blá-blá!
blá-blá!
blá!

blá-blá-blá
blá-blá-blá, blá-blá-blá,blá-blá-blá
blá-blá-blá,blá-blá-blá....
bla... blá-blá-blá!
blá-blá!

blá!
blá-blá-blá
blá-blá-blá, blá-blá-blá,blá-blá-blá
blá-blá-blá,blá-blá-blá....
bla... blá-blá-blá!
blá-blá!
blá!

blá!/blá!/blá!
bla. bla!



sine die

domingo, 9 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Às Vezes, Somente Às Vezes...



Penso, às vezes, que chorar
Poria u'a porta no meu mundo
E eu veria um eu mais profundo
Atravessá-la e adentrar.

Penso olhar em meus olhos castanhos
Que refletem sim quem os vêem
E não ver em mim o estranho
Que com o tempo vim a ser.

Penso deitar fora esta máscara
E as que estão sob ela também
E o mais que se apegou a cara
E quem sabe sobre um alguém!


05/11/2011

E Há Olhares Que Buscam...



e há olhares que buscam
brasas que sempre queimam,
ventos que sempre apagam,
horas  que sempre passam,
coisas que sempre ficam...

há olhares que encontram
brasas que já apagaram,
ventos que já passaram,
horas  que já ficaram,
coisas que já queimaram...

e há olhares que buscam...
há olhares que encontram...


04/10/2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011