O brilho do olhar
Na face do amante
Lançado à pessoa amada
É um feixe de luz
Uma ponte que une
Lados distantes da estrada.
E o mais da saudade,
Que grita no peito,
É quando ela enfim se cala
Num abraço forte,
O pai dos desejos,
Aquele!, que sempre abala.
Os lábios se unindo;
O beijo de línguas:
A onda feroz que se espalha
Guiando as mãos,
Abrindo caminhos
Como fogo em chão de palha.
Botões arrancados
E roupas dispersas
Em cada degrau da escada:
Um quadro moderno
Caído no chão
À porta do quarto fechada.
(E escuta-se sons:
Suspiros, gemidos,
Vozes suaves, veladas,
Sussurros e risos,
Urros e gritinhos,
Respirações abafadas...)
Os corpos cansados
Famintos procuram
Por algo na madrugada...
Sozinhos em casa,
Nas pontas dos pés...
A dispensa é assaltada!
Dos vários beijinhos
O doce de leite
Escorre em cada bocada.
Goteja nos corpos,
Confeitando as peles:
A sobremesa almejada!
(E escuta-se sons:
Suspiros, gemidos,
Vozes suaves, veladas,
Sussurros e risos,
Urros e gritinhos,
Respirações abafadas...)²
Felizes fizeram
- Como de outras vezes -
Do corpo a curta morada;
Do cômodo, o ninho;
Dos justos, o sono;
Da noite, a mais estrelada...
E ao raiar do dia,
Saindo do banho
- Colhendo a roupa espalhada -
O olhar dele pousa
Na prova concreta
Da notícia já esperada.
Ao lado da cama,
Agora vazia,
Um convite e a hora marcada.
Além dos dizeres
"Por favor, não venha!"
Havia em letra apressada:
"Passaram-se as horas.
Findara-se o tempo.
Sobre nós tudo desaba.
Não faça mais planos
Que contem comigo:
Tudo, amor, um dia acaba"
junho/julho 2012
Boa Eder. Vamos dizer que termina com um drama poético muito bom.
ResponderExcluirprefiro dizer que tem um começo, dois meios e, literalmente, um fim.
Excluir