terça-feira, 8 de novembro de 2011

Canção da Pré Despedida




Quando ela morrer
Talvez sinta falta
Do ódio, da dor,
Das humilhações...
Se querem saber
Talvez sinta falta
Da falta de amor
E das privações...

Quando ela morrer
Talvez sinta falta
Das suas intrigas
E das inverdades.
Se querem saber
Talvez sinta falta
De algumas brigas
E das suas maldades.

Talvez sinta falta
Do que maltratava;
Do abraço e carinho
Que nunca vieram!
Talvez sinta falta
Do que nos atava:
Um laço fininho
Que as Horas nos deram!

Não vou fazer festa
Para quem partirá
Fingindo não ver
Que o sangue faz elo!
Na hora funesta
A morte fará
O Juiz do viver
Bater o martelo!

Quando ela morrer
Não irei no enterro,
Nem pôr belas flores
Em dois de novembro!
Eu vou esquecer,
Apagar seus erros
E muitos rancores
Que tanto me lembro!

Talvez sinta falta
E diga: " - Que pena!
Que não fui bandido;
Que não fui drogado;
E, quem sabe, cauta,
Ferina e serena,
Diria: " - Querido
Teria te amado!

Mas não farei drama
Por quem partirá
Negando-se a ver
O que sempre viu:
Viver é uma trama
Que o fim cortará
E irá desfazer
Um fio após fio!

07-08/11/2011

Um comentário:

  1. Viver é uma trama... e um drama! Adorei esta! Dramática (adoro um drama), rica em rimas (adoro rimas), tem sonoridade, cadência (adoro o compasso do poema), fala de sentimentos e acontecimentos comuns à condição humana: a dor da (não) perda; a vida/morte (para mim inseparáveis); a mágoa...
    Muito linda, parabéns!
    Ahh, e comecei a contar as sílbas poéticas. Não sou boa nisso! Mesmo porque não há rigor na sua contagem, não é? É um exercício legal, pensar em como o poeta separou as sílabas, qual a lógica pensada... Pude observar que este poeta quis fazer versos de 5 sílabas, estou errada? Ao menos as primeiras estrofes... (não contei todas... o tempo me enforca hoje aqui). Bjs e até o próximo poema!!

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